A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT,
foi 'traída' pela sua própria campanha eleitoral. Isso porque um comercial de
televisão de sua campanha - divulgado nos últimos dias - reproduz uma ficha
falsa da candidata, compartilhada pela internet desde 2008. A ficha já foi alvo
de críticas da própria presidente, que, na época, escreveu uma carta recusando
a autenticidade do documento. A propaganda que reproduz a falsa ficha criminal
foi divulgada pelos canais oficiais de Dilma no Facebook, no YouTube e no
Google+. Ela aparece por alguns segundos no comercial e também foi reproduzida
rapidamente no programa de estreia da candidata no horário eleitoral. A
descoberta do detalhe foi feita pelo jornalista Gustavo Villas Boas, que
publicou as informações em seu perfil do Facebook. Claramente produzido em
um computador atual, o documento foi compartilhado diversas vezes nos últimos
anos e ganhou notoriedade após ser publicado em uma entrevista no jornal Folha
de S.Paulo, em abril de 2009. Na época, Dilma enviou uma carta para a Folha,
recusando a autenticidade do documento, afirmando que não havia respondido
pelos processos judiciais descritos na ficha. Confira um trecho da carta,
publicado no próprio jornal:
"Solicitei formalmente os documentos sob a guarda do
Arquivo Público de São Paulo que dizem respeito a minha pessoa e, em especial,
cópia da referida ficha. Na pesquisa, não foi encontrada qualquer ficha com o
rol de ações como a publicada na edição de 5.abr.2009. Cabe destacar que os
assaltos e ações armadas que constam da ficha veiculada pela Folha de S. Paulo
foram de responsabilidade de organizações revolucionárias nas quais não
militei. Além disso, elas ocorreram em São Paulo em datas em que eu morava em
Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro. Ressalte-se que todas essas ações foram
objeto de processos judiciais nos quais não fui indiciada e, portanto, não
sofri qualquer condenação. Repito, sequer fui interrogada, sob tortura ou não,
sobre aqueles fatos. O mais grave é que o jornal Folha de S.Paulo estampou na
página A10, acompanhando o texto da reportagem, uma ficha policial falsa sobre
mim. Essa falsificação circula pelo menos desde 30 de novembro do ano passado
na internet, postada no site www.ternuma.com.br (“terrorismo nunca mais”),
atribuindo-me diversas ações que não cometi e pelas quais nunca respondi, nem
nos constantes interrogatórios, nem nas sessões de tortura a que fui submetida
quando fui presa pela ditadura. Registre-se também que nunca fui denunciada ou
processada pelos atos mencionados na ficha falsa." O Terra entrou em
contato com o comitê de campanha da petista, que respondeu que a imagem não tem
caráter de documento nos vídeos. "A campanha utiliza a imagem com recurso
meramente ilustrativo e metafórico, sem qualquer referência a seu conteúdo e
sem tratá-lo como documento", disse o comitê. Fonte: Portal Terra.