O saldo do debate promovido nesta segunda pela Jovem Pan,
Folha, UOL e SBT? Uma Marina Silva que se consolidou como alternativa aos olhos
do eleitorado e que cresceu, como presidenciável, atropelando Dilma Rousseff,
que teve, de muito longe, o pior desempenho entre os três principais
candidatos. O debate está na Internet, pode ser visto por qualquer um que não o
tenha feito. O tucano Aécio Neves se saiu muito bem. Respondeu, como de hábito,
com clareza e desenvoltura. Demonstrou conhecimento de causa e segurança. Mas,
como afirmei no post de ontem, as circunstâncias não o transformaram em um dos
polos do debate, que caminhou para o confronto entre Marina, ora no PSB, e
Dilma, do PT. Qualquer juízo objetivo constata o óbvio: a candidata à reeleição
perdeu feio o embate. Os petistas estão completamente desorientados. Há dias,
chamo aqui a atenção para o desastre a que as ideias fixas podem conduzir
as pessoas, lembrando o Machado de Assis de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Como nunca, o PT tem sido vítima de sua natureza. Se não conseguir sair da
encalacrada em que está, perdeu a eleição. Os petistas só sabem fazer campanha
presidencial contra, nunca a favor. A de 1989 se organizou na oposição a José
Sarney e Fenando Collor, hoje seus queridos aliados. Em 1994, passa a ser
vítima da ideia fixa: atacar os tucanos. Perdeu dois pleitos consecutivos no
primeiro turno no ataque ao Plano Real, às privatizações e à Lei de
Responsabilidade Fiscal. Em 2002, mudou de rumo: passou a falar uma linguagem
propositiva e se tornou monopolista da esperança e da mudança — um discurso que
hoje, tudo bem pensado, serve a Marina Silva. (Reinaldo Azevedo) Na íntegra.